quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Ranhuras




Elvira

Enquanto pronuncio teu nome abreviado,
Engulo teu mar
Nado em felicidade.
Ter esse poder de descoberta
Essa sensação de porta entreaberta
Deixando a cegueira me guiar
Perdido na tua boca devagar.
Sem pressa de ir embora
Voltar ao coração seu,
Eu quero teu cheiro
Eu preciso me trancar na tua liberdade.

Guardo meus pecados de outros dias esquecidos
Lavo as mãos em sua coragem de viver
Persigo meu presente respirando minha alegria
Que só encontro quando vejo você.

Sei mais de mim por deitar ao lado seu,
Por folhear suas páginas de uma vida bem escrita e
Quando da tua alquimia o café é bebido,
Eu não sei o que é certo
Apenas imagino...
E os momentos são eternos
Corridos de braços abertos,
Sem esperar nada encontrar
Sem cobrar
Deixando a vida resolver...

Vejo meus pés e enxergo os passos seus
Toco nas lembranças que pintamos em conjunto,
Encontro algo que nunca perdi, mas achei em você.

(Hallais, Alexandre – Rio, 22/01/08)

sábado, 19 de janeiro de 2008

Breve

Havia resolvido perder por ter me cansado de ganhar,
queria saber qual era o gosto de me acanhar.
Seria fácil de entender, a razão de me perder,
mas o que gostaria era a chance de nunca mais voltar.
Havia ido sem troco no bolso,
fazia da vida platéia eterna,
e precisaria apenas encontrar alguma porta aberta.
Havia me esquecido de sonhar acordado,
resolvi sair completamente destrambelhado.
Havia chorado, mas sem razão para sofrer,
apenas um fardo
criado e calculado.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Carta




Boa noite!


Já estava morrendo de saudades de vocês.



Carta à Monike

O lado melhor de chorar um amor
É conseguir lavar os olhos
Para enxergar que o mundo não partiu.
Apenas ela se foi!
Mas o mundo está aí
Colorido e sonoro,
Mas como?
Mas como esquecê-la?
Então pauso a prosa
E pego um pincel, tinta acrílica e uma tela...
Pinto uma voz!
Passo a mão no violão e desarrumo a casa.
Quebro uns pratos e espanco a almofada,
Sinto desprender-me do ar,
A vertigem, lentamente, vai me segurando,
E por alguns, intermináveis instantes eu fico;
Boca, baba, chão e olhos quase congelados.
O lado pior de ser eu
É carregá-la para sempre,
Porque o amor
Mesmo ingrato é inesquecível.
Os anos vão passar...
Mas a fragrância não sairá...
Sempre dará uma sensação de conforto
Daqueles seus abraços.
O lado engraçado é chorar
Ao vê-la longe,
E sorrir de tristeza por ainda
Escutá-la em meus ouvidos nostálgicos.
Angústia é esperar
Uma tempestade,
Sabendo que as inundações poderão
Levar-me a insensatez.
Conselho à Monike: atire-se em pleno precipício
Quando escutar a primeira trovoada,
Somente para sentir-se...
Você
Novamente.

(Hallais, Alexandre – Rio de janeiro, 28 de março de 2006)