segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Perdendo altitude


Perdendo altitude

Eu te disse para não esperar nada além
Do que já haviam te oferecido:
Desilusão e olheiras.
Não me importa que ainda o ame
Pense quantas noites ficou sem dormir
Por esse infame!
Não há passos se a música parou de tocar,
Não queira sair vagando silenciosa
Dançando em busca do seu par...
Eu não falei?
Claro que eu disse isso a você.
Aqueles olhos perdidos, rasgados pelo desejo contido,
Que somente enxergavam o que nunca pode ser visto...

Ele nunca ouviu a tua voz tão baixa,
Ele nunca se importou com tua lágrima,
Que partiu, porque nunca chegou a lugar algum,
Um mapa sem latitude
E você perdendo altitude...

Não tente sorrir entre o teu desespero
Agora saiba mover as peças desse tabuleiro.
Eu que te falei para recolher as voltas que deu pelo mundo,
As palavras bem ditas que deixou voando no ar.
(Hallais, Alexandre - Rio de janeiro, 15 de julho de 2006)
"Fragmento do livro - Borboletas que nunca foram casulos - 2007 - NitPress"

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Pulou amarelinha


Sobre almofadas descansou sua face

e a febre se fez presente,

assim como a tristeza da tarde.

A respiração saiu forçada, sufocada,

rompeu a dor de olhar a solidão

prestou homenagem ao silêncio,

escreveu notas erradas na partitura.

O mundo ficou distante dos planos,

perto demais para fazer mal,

um enjôo, uma azia,

um soluço de pânico quando reparou que a vida vai a frente.

Uma amarelinha no chão e um pedaço de giz na mão,

tentou esboçar o céu,

escapou dos dias infernais,

pulou casas e casas

esqueceu tudo mais.

A dor é um amargo para aquela boca,

talvez não tivesse doce,

enquanto recolheu os espinhos

sobre almofadas descansou sua face.


(Hallais, Alexandre - Rio de janeiro, 26 de outubro de 2006)

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

A síndrome do medo...



A síndrome do medo


O que devo te dizer?
O que já não ouviu?
Peço que me ajude
A desistir,
Mas leve minhas poesias
Escritas sobre suas costas
Nuas,
Depois de eu ter me achado
No teu corpo.
Leva meu agrado
Que a mudança eu te ajudo,
Nossos intentos, únicos bens,
Leve contigo.
Não ponha desconfiança
Nos próximos olhares:
Que Deus te ajude!


(Hallais, Alexandre – Rio de janeiro, 2 de março de 2006)

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

O que você escolheria? Ver cara ou coração?






O que você escolheria? Ver cara ou coração?

Somente "botando pra fora" essas "palavras de um mundo incerto" que você repara estar "a bordo de uma viagem sem fim". A verdade é que passamos muito tempo "buscando sentidos" para o "desastre mental" em nossas "confissões anônimas" feitas com "periodicidade". "Sincero e careta" vivo a "Livre essência", uma "aquarela" neste "Prato fundo" de desilusão. "Mas ahh!", eu quero ser feliz como a "menina lunar", livrar-me do "rotineiro" e sair "palavriando" e ganhando a vida, sendo mais feliz.
Vivemos em um "universo paralelo", onde mais bonita é a "vida escrita" e "sendo sincero" "..."
"Que momento!" para dizer que "somente eu mesmo" posso achar minha direção: -- "uma tequila, por favor!"
A vida é escrita de trás para frente e não há "TPM" que resista, vivo como um "apanhador de sonhos"... deixo meu "verbo solto"...
Feliz da "mãe, esposa, dona de casa, trabalhadora..." que ainda sabe construir um homem para a sociedade. Esta sim é uma "libélula da noite" em vôo soberano em plena "metanóia".
No "casulo do escritor" faço meus exercícios diários e vivo "buscando sentidos". Peço um café no "Café Alexandrino", convido "Fernanda DRC" e levo "black Balloon", vou sorrir por horas, pois meu "blog amador" me permite: quem sabe "um blog para desabafos".
“Pare, olhe: respire-me”, “aproveite o dia (carpe diem)”, gritaria para o mundo.
Que seja a “Luz de Luma” a iluminar o caminho até a verdade desses “textos com história”.
Partilhamos de uma vida maravilhosa e mal nos conhecemos. Sabemos viver tudo de um jeito intenso e verdadeiro. Sabemos os limites dos amigos, nossos amigos blogueiros.

Felicidade é ter um monte de amigos e não ter limites para amar. Felicidade é não ter regras!




Beijos...





ALEXANDRE HALLAIS

sábado, 13 de outubro de 2007

Desculpas!



Desculpas esfarrapadas


Ele retornou à sua casa por volta das 3h 15min da madrugada de quinta para sexta. Era uma madrugada típica de outono, uma brisa rasteira e “chiada” que ignorava qualquer casaco rompia a pele. A rua diante dele, deserta e estática, somente algumas folhas voando. Ele chegou com o carro na “banguela” para não fazer barulho e estacionou na rua mesmo. Não quis entrar na garagem para não fazer barulho. As mãos grandes e com poucos pêlos foram até o retrovisor central e inclinaram o espelho para baixo, ele estava buscando marcas em seu pescoço, mas também sabia que não poderia demorar muito ali. Estava tudo certo, mas o gosto do sexo da outra permanecia na sua boca, em seu casaco, em sua pele. Deveria tomar um outro banho? Ele não parava de se perguntar. Retirou a chave da ignição de seu “utilitário” e desceu quase que sorrateiramente. Não bateu a porta, encostou e depois empurrou; o alarme foi acionado pela chave na porta. Começou a andar pela calçada em passadas largas, porém cuidadosas. Olhava para um lado e para o outro tentando confirmar se algum vizinho estava espionando.
Ao chegar próximo da porta, ele relembrou a desculpa dita à sua esposa. Um jantar de negócios em outra cidade em uma quinta era formidável, ninguém iria suspeitar, até porque ele havia orientado a sua secretária para dizer a todos a desculpa inventada. A bolsa retirada do carro estava repousando no chão e ele parado, com a chave de casa na mão, pensando sobre o que acontecera. Ele estava prestes a abandonar sua família e ir embora, mas como a coragem estava lhe faltando, acabou brigando com o motivo de sua vida dúbia. A outra, por querer datas, pressionou até que ele desorientado pôs tudo por água abaixo e decidiu voltar para casa. A outra, em prantos, ficou assistindo o infame vestir suas roupas e tecer seus comentários mal-acabados. Ele apenas virou-se e saiu dizendo barbaridades, coisas que a outra nunca havia ouvido sair daquela boca.
Ele ainda estava com as chaves na mão, quando ouviu um barulho vindo de dentro de sua casa. Escondeu, imediatamente, suas chaves dentro do bolso da calça social azul-marinho e foi para o lado de sua residência. A respiração estava ofegante, parecia um cavalo após uma corrida no Jockey Club. Ficou a espreita, atento para ver se sua mulher havia notado sua presença. O medo era notório, pois ele ainda não tinha decidido o que falar sobre o regresso repentino. Sua esposa esperava que o marido chegasse à noite de sexta-feira. Intermináveis minutos, seus olhos percorriam a vizinhança e ainda tomava conta das janelas e da porta da frente. Naquele exato instante, ele pensou como estava sendo injusto com aquela que jurou fidelidade e amor eterno. Um ser frágil e que sempre foi submissa às suas vontades. Ele lembrou do amor que a esposa carregava por ele, e de tudo que sempre fez para ficar ao seu lado.
Passados vinte minutos, ele tomou coragem e já sabia o que dizer. Diria que o cliente adiou o jantar em cima da hora e que somente conseguiu aquele vôo, pois queria voltar o mais rápido para casa. Excelente, ele ficava repetindo em sua cabeça, excelente. Uma vez que ninguém havia aparecido e o barulho tinha sido momentâneo, ele começou a andar com certa dose de coragem e arrependimento. A chave entrelaçou em seus dedos, em sua mão, mas ele conseguiu introduzir na fechadura e destravar a porta. Como poderia ter feito uma coisa dessas com uma mulher incapaz de um ato falho comigo? Uma mulher que sempre esteve ao meu lado, mesmo eu não estando? Enquanto abria a porta vagarosamente, aquele homem do casamento havia voltado, estava mais forte e rejuvenescido. Abaixou-se e desamarrou os sapatos de uma grife famosa. A casa possuía dois andares, um porão e uma garagem externa. Ele tirou suas roupas, evidências com a fragrância de outra, e ficou apenas e cueca e meias. Levou as peças até o cesto de roupas e misturou com as outras. Estava disposto a tomar um banho na suíte do quarto ao lado do seu e depois ir beijar suavemente sua mulher. Contaria a desculpa pronta estilo fast food e esqueceria o que viveu. Começou a subir as escadas, pé ante pé, e começou a escalada. Deveria ser liso para não criar barulhos e acordar a esposa. A porta de seu quarto era a última e a porta ao lado era da suíte que desejava. Foi rastejando os pés, como quem patina no gelo, para que não fizesse barulho e chegando à porta do quarto ao lado, ele escutou um grito abafado como quem quer matar alguém asfixiado. Ele estava ali, parado, o que fazer? Entrar para ver o que estava acontecendo e defender sua mulher, se preciso fosse, ou entrar e tomar uma chuveirada para tirar o gosto do pecado? O que fazer? A mulher boa e dedicada, ótima dona de casa poderia estar precisando de ajuda. O que fazer? Ele suou nas mãos como quem vai cometer um assalto. O grito abafado se repetiu por duas longas vezes e ele entrou arremessando a porta branco-gelo de maçaneta dourada contra a parede salmão do quarto.
Do jeito que entrou parou perplexo. O seu corpo caiu feito boneco de pano e foi ao chão bruscamente. Um infarto fulminante atestava aquele óbito, enquanto um homem moreno desengatava da mulher que ainda preservava a posição “de quatro” e mantinha o travesseiro na boca para abafar os gritos.
Ela ainda manteve um choro lento e sincero ao lado do falecido, mas de mãos dados com o homem moreno, enquanto a polícia chegava. Este disse à polícia que é vizinho e escutou o barulho e veio prestar socorro à família.
Mais tarde a secretária pôs tudo para fora e contou o que realmente havia ocorrido com aquele homem. Contou de seu caso extraconjugal e tudo mais que poderia desabonar a conduta daquele moribundo. O que ficou apenas para a esposa foi a ciência das escapadas do marido, mas o que aconteceu para ele voltar mais cedo? De certo, nada é segredo para uma mulher. Homem se julga superior, mas não consegue segurar o “tranco” da volta.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Mictório


Mictório

A sociedade é machista!
Crescem os homens e aprendem que não se deve dizer: vou fazer “xixi”, porque isso é coisa de mulher. Homem que é homem diz que vai “mijar”. “Mijar” é uma espécie de soberania e reverência ao jato quente e amarelado, que geralmente molha, respinga a tábua do vaso sanitário.
Os homens crescem podendo tudo, menos chorar. Homem não chora. Mas por que homem não chora?
Porque o para o universo machista e masculino, o fato de chorar demonstra fraqueza e fragilidade e isso são coisas de mulher e não de homem... é mole?
Chorar significa que existe sentimento, alma, coração e sinceridade dentro de um ser, seja ele homem ou mulher.
E vão crescendo e perturbando as meninas, puxando a alça do sutiã e soltando, ao invés de dar um beijo e dizer o quanto gosta.
Um dos grandes problemas dos homens é quando eles tornam-se adolescentes. Começa a fase “cachorro-louco”, “lobo uivante”, “predador destemido”. Nesta fase, os homens são encorajados a “comer” e “pegar” todas as menininhas. Os pais até dizem (mais o pai): guardem suas ovelhas, porque meu lobo está solto... e todos os outros pais barrigudos caem na gargalhada.
Na adolescência, os homens aprendem uma arte que irá acompanhá-los o resto de suas vidas; a arte da mentira, da dissimulação. Para conseguir “abater a lebre”, eles prometem e juram somente para a menina acreditar e eles conseguirem... não é? Filhos da puta!!!
Os homens na adolescência enchem a cara de álcool, fumam por auto-afirmação, andam em bandos, vestem-se iguais dizem que todos os atores e cantores são viados. As meninas acham os artistas bonitinhos, lindos...
O homem não aprende na adolescência e continua sem saber na fase adulta: fazer amor. Como sempre aprenderam a “comer”, nunca ninguém contou a eles, que melhor do que o gozo é fazer a mulher atingir o orgasmo.
O homem na cama é uma lástima. Tenho pena da “classe”. O homem acha que é uma “britadeira” furando o asfalto, ou um socador de pilão sem parar. Não levam 3 minutos para gozarem (precocemente), enquanto as mulheres ainda nem acenderam. Os homens são tratores agrícolase as mulheres são carros de fórmula 1 (eita comparação masculina). As mulheres possuem tantos detalhes, tantos mistérios, tantos “botões” a serem ligados, que os homens não percebem que não realizaram algo, apenas interromperam. Gozar em 3 minutos é largar algo que nunca começou.
Preliminares? Sem chance!!!!!!
Difícil é o homem perceber o clima, o tom da voz rouca e quase guardada, o carinho, a força de um abraço, de um beijo, de um aperto no braço feminino com mãos severas... isso serve de lenha que alimenta o fogo feminino e que faz a labareda tomar conta de todo o ambiente.
Bom, felizmente ou infelizmente, o homem “arruma” uma mulher para casar e casa mesmo. É necessário esclarecer que, apesar de casado, o homem não muda, aliás, muitos pioram. Os homens acham que o casamento é a senzala da mulher e que fazendo um filho, a “infeliz” ficará atrás dele para sempre, mesmo ele fazendo o que quer. Tenha a santa paciência!!!
O homem casado se torna babão! Isso mesmo: BABÃO! Nunca teve competência para realizar a sua mulher, mas ele se acha o máximo e diz que a mulher é a culpada...
Então, o que o homem faz?
Arruma uma amante!
Nesse instante, além de incompetente, ele se torna mal caráter com suas desculpas idiotas, imbecis e infantis. Desvia o dinheiro da família e do seu lar para a farra com a outra. Vejam bem, eu não estou condenando a outra. Também não vou ficar criando devaneios sobre, mas certamente, para a amante, o canalha disse as seguintes frases:
1 – Não estou bem com ela (esposa);
2 – Praticamente não temos mais sexo;
3 – Somos mais amigos do que casal;
4 – É questão de tempo a separação;
5 – Ainda não separei, porque meu filho é pequeno;
6 – Depois do nosso filho ela engordou e não se cuida;
7 – Ela reclama de tudo que eu faço;
8 – Além dela, a família também me irrita...
E por aí vai ...

E assim, o ser “homem” mantém a amante e a mulher, até que um dia a esposa descobre. Ela já está cansada de tudo e pede o divórcio.
A amante acaba sendo abandonada, porque ele não a queria de verdade. Aliás, ele cometia os mesmos erros com a amante, mas a amante estava iludida.

Nada pior do que homem “abandonado”... tadinho... Ele veste a máscara da inocência e acaba por convencer a todos que, a antiga esposa é que estava errada.
Medíocre!

Esse texto trata dos homens em linhas gerais e claro que há exceções. Conheço homens verdadeiros e honrados, mas a maioria da classe está fadada ao fracasso.

Mulher deve ser, além de bem tratada, bem “atendida”.
O homem só existe, quando há uma mulher por trás.

sábado, 6 de outubro de 2007

Uma menina especial...


Quem nunca se sentiu só?

Pois é. Eu descobri uma família maravilhosa que sempre vem me visitar.

Esta semana, fui mencionado em um dos blogs de minha família.

Obrigado Kari. Obrigado mesmo pelo carinho e por nossa amizade.


A distância não é nada para a amizade...


"Alexandre, outro que também não é lá muito conformado com esse mundo e que escreve poesias lindas. Ah... ele já até lançou um livro, viu? Tenho certeza que vale muito a pena conferir."

(trecho retirado do blog: Botando pra fora - Nome do texto: "Um momento diferente". Texto escrito por Kari Mendonça)


Eu recomendo que leiam essa "Menina de Ouro".


Beijos Kari e obrigado pelas palavras.


sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Estrada


Guardo um grito na garganta

que não adianta,

tento cuspir

mas ele tende a me sufocar.

Uma vontade de derramar minhas palavras pelo mundo

de deixar frouxo o senso

e apenas seguir para onde for o

meu lugar.

Abrir meu peito repleto de amor

e atirar-me de encontro aos semelhantes.

Quero acariciar

pegar na mão e limpar as chagas sofridas,

não desejo importar com doenças

quero vestir minha nudez

se preciso for

para curar um menino do frio.

Guardo em mim um homem

que poucos conhecem.

Guardo, calada e abafada, a voz da justiça e da dignidade,

não espero ser melhor do que alguém,

nada mais do que meu jeito de amar.

Guardo um corpo fora de um coração

que incendeia os dias de felicidade.

Não deixo meus amigos descobertos do meu sorriso,

falo sobre o que de bom a vida ainda pode proporcionar.

Às vezes deixo a indignação me consumir por instantes...

mas logo esfrio meu hálito de ansiedade

e volto a conduzir a dona liberdade.

Retomo a tranqüilidade!

Guardo nos meus versos sementes

e a esperança me dá as mãos...

Guardo em meu andar a iniciativa

e se preciso for

darei minha vida

para que a magia não seja perdida.

Carrego minha voz...

quase muda,

mas jamais vou deixar

de lutar.



Precisamos amar! O mundo perdeu o foco. Lentes bifocais? Não sei.

Precisamos dar as mãos sem pudores...

Precisamos uns dos outros.




terça-feira, 2 de outubro de 2007

O filho bastardo da terra prometida


O filho bastardo da terra prometida

Vamos nos conformar com as notícias dos tele-jornais!
Vamos acreditar naqueles apresentadores com cabelos bem penteados e de linguajar perfeito, de dicção explicada e incisiva.
Vamos aceitar tudo que comemos, vamos crer nas novas Igrejas que aparecem todos os dias. Essas que criam seguidores fanáticos capazes de matar em nome de “deus”. Que Deus?
Até onde vai essa capacidade de ilusionismo humana? Até quando acreditaremos na economia, na fé financeira? A maior igreja do mundo não possui um nome específico, e eu também não sei como definir um nome; talvez: Nasdaq? Bolsa de Valores? Ministério da fazenda? (Que fazenda?). A maioria reza aos cifrões pelo seu poder de comprar um lugar no céu, ou na Lagoa Rodrigo de Freitas.
Ficamos hipnotizados com letreiros luminosos que nos impõe a conseqüência dos novos tempos. Diga-se de passagem: Belos e magistrais novos tempos. Tempos de falta de tempo! Tempos de “amor fácil” e indiscriminado. Tempos de corrupção! Tempos de amor ao próximo... ao próximo que alguém vai “puxar o tapete” para construir degraus para sua promoção.
Esses novos tempos...
Tempos em que a vergonha não desfila mais por aí, e qualquer ato escabroso é permitido. Mesmo as piores coisas são “deletadas” (é assim que se fala? Palavra derivada da língua inglesa?), permitam a correção... Mesmo as piores coisas são “apagadas” da nossa cabeça, porque amanhã conquistaremos o hexa, o hepta... Nós nos orgulhamos de seres que ganham fortunas incalculáveis apenas para correrem atrás de gomos de couro. Mas são heróis, ou não são? Claro que são! Mas não pela “jogatina”, mas também pelo apreço comercial. Eles são exemplos de estrelas guiadas por cordões da enorme irmandade que tomou conta do planeta, que um dia foi água, e agora se chama: “Planeta Capitalista”.
Vamos acreditar que tudo irá melhorar, até porque vai melhorar. Vejamos exemplos:

- Eu prometo cuidar da saúde do povo, dar o saneamento básico às comunidades carentes, criar empregos e dar moradias àquelas famílias mais necessitadas.
Em todas as eleições escutamos as mesmas promessas, mas continuamos votando e votando, e votando compulsivamente. Estou ficando bom nisso, quem sabe não me candidato ao senado, ou a prefeitura, somente para prometer, prometer, prometer e depois “meter pro” meu bolso tudo que puder. Sinceramente...
O que os supostos candidatos esquecem de citar é que eles também prometem desviar todo o dinheiro público em benefício e enriquecimento próprio, que arrumarão empregos para todos os seus familiares, mesmo os mais incompetentes e inescrupulosos. Eles também deveriam prometer aumentar seus próprios salários e viajar bastante com o nosso dinheiro, que é recolhido em diversas formas de “dízimos”. Esses senhores deveriam ter vergonha em aparecer em rede nacional falando besteiras. Esses senhores até são citados em livros de história; perdoem-me: Que história? Esses senhores formam outra ramificação, ou braço, ou vertente, ou “Diuceses” das teias capitalistas que exploram o trabalho e a fé de um bando de zumbis; esses somos nós. Nós! Quem somos nós?

- Outro brilho cristalino desse planeta ideal é a força da imagem. Propagandas e lixo visual não são paradoxos, são irmãos gêmeos. Somos postos à prova a todo o momento. O capitalismo criou uma doença contemporânea: a inveja! Inveja de tudo que queríamos ter, mas que somente temos acesso pelas propagandas que dizem que a bebida mais refrescante é aquela, que o carro perfeito para um jovem é aquele, que fumar faz bem a saúde (aliás, agora a propaganda diz que não faz bem a saúde). Isso tem explicação. Nós, os fantoches, estávamos morrendo muito rápido pela nicotina, então resolveram fazer propagandas contra o tabagismo, mas não proibiram sua venda. Chega a ser político: Poderiam lançar uma campanha... “Faça sua opção entre a vida e o suicídio!” Que tal?
Queremos ter o que não temos, e nem sabemos por que queremos, mas queremos comprar.
Chegamos aos “cânticos” mais bonitos do senso comum: Queremos comprar o mundo! Daria um belo título de música gregoriana, onde gritam pra cacete e ninguém entende porra nenhuma, mas apreciam a vestimenta, a postura, e os berros, que se você ficar muito perto ensurdece.
Queremos comprar o mundo mesmo! Somos expostos de uma forma tão intensa a praga medieval do consumismo que queremos o mundo. Por que não andar em um Chevette 73? Porque o teu colega de trabalho tem um “carola” ou “corola”.
Aquele que o bonitinho do “Bread Bitch (Brad Pitt)” fez um comercial. Aí foi uma febre! Todos da “assembléia do Reino dos Estados Unidos do deus capitalista” do mundo inteiro queriam comprar a porcaria do carrinho.
Uns diziam:
- É puro charme!
Outros:
- É uma forma de mostrar sua elegância!
E outras tantas banalidades comum ao meio em que vivemos.
Somos porcalhões e idiotas que acreditamos no que prega a igreja capitalista.
Ela nos impõe regras e mandamentos como:
1 – Cobiçarás a mulher do próximo;
2 – Matarás por promoções
3 – Pisarás nos menores, porque não te servem;
4 – Amarás o dinheiro sobre todas as coisas;
5 – Conservarás bens e juntarás riquezas;
6 – Roubarás se for político ou líder religioso;
7 – Invejarás a vida do outro;
8 – Mentirás sempre, mesmo quando não for preciso;
9 – Venderás seus corpos ao consumismo; e
10 – Valerá qualquer esforço para comprar não só um pedaço do paraíso, mas sim comprá-lo inteiro e revendê-lo por um precinho mais salgado.
Vamos ter um pouquinho de olfato e sentir que estamos submersos à merda própria. Vamos criar o senso de que somos o meio do todo que é engolido por nós, e isso acontece porque deixamos acontecer.
O capitalismo nos manipula, porque temos medo de cortar os cordões. Temos medo de ficarmos aleijados! Somos medíocres quando acreditamos que tudo está bem. Até isso
nos vendem! Tudo nesse esgoto capitalismo é “melhor”. O melhor “business manager”! (Odeio textos em inglês)
O melhor país! A melhor economia! E os piores somos nós que aceitamos e acreditamos que tudo está indo bem, quando bem aos nossos olhos, eles estão nos passando mais uma. Outra falcatrua, outra lavagem de dinheiro, outra propaganda, outra eleição.
Vejo que não somos racionais. Os animais somos nós. Os bichos devem estar desesperados assolados por nossa e somente nossa culpa.
Elegemos nossos métodos incapazes, ineficientes e inescrupulosos de viver, e agora? Chegaremos ao dia em que mataremos uns aos outros para comermos, uma vez que a riqueza estará nas mãos dos poucos que “admiramos”.
Economia faz sentido?
E nossas teses acadêmicas de administração?
E as teorias de recursos e relações humanas?
Por que será que estão escrevendo tantos livros de auto-ajuda? Estamos precisando de análise? Os analistas nos confundem mais, aliás, eles também precisam de analistas Estamos ao ponto que o domínio é simples e as hierarquias são monoteístas. Vivemos uma guerra diária... São coronéis, generais, majores, capitães... Desculpe. São presidentes, diretores executivos, diretores financeiros, diretores de segunda linha, superintendente, gerentes e mais gerentes em todos os setores, portas, frestas em todos os lugares, fora subgerentes, supervisores, coordenadores, chefes de seção, e outras patentes de nossos exércitos. E ainda tem gente que só acredita na bomba atômica, por que ela pode ser disparada, mas não se preocupam com a sociedade caótica em que vivemos.
Vamos acreditar na morte, uma vez que pode ser a salvação. Desculpem outro deslize de minha parte! Até a morte é paga. Que tipo de madeira deve ser o caixão? Vamos enterrar o falecido no início ou no final no cemitério? Digo isso porque tem muita diferença de preço. E a coroa de flores? Quanto custa? E o pior é que quando damos as costas, os moleques pagos pelas lojas de flores especializadas roubam a coroa do teu “ente querido”.
Posso até afirmar que até as lágrimas têm preço.
Vamos acreditar que podemos respirar sem esses aparelhos que foram ligados em nós.
Vamos parar com essa hemodiálise de dinheiro! Vamos acreditar que podemos definir melhor sociedade do que o capitalismo define. Vamos mudar os hinos de nossos países que tem um monte de palavras de ordem e de termos referentes ao material bélico para termos de paz, amizade e convívio igual. Vamos destruir as TV`s e suas emissoras maléficas. Tirar do poder esses vampiros “canibalistas ou capitalistas” e deixar a vida à mercê do bem comum. Vamos desligar celulares e desconectar a rede mundial. Vamos parar de engolir o que nos é imposto. Vamos dividir e respeitar as diferenças. Vamos valorizar (acreditar e ter fé) nas habilidades alheias.
Vamos sair do estado Neanderthal e evoluir. Evolução!
O Capitalismo está ultrapassado e só destruiu o que a natureza nos deu.
Abram o dicionário Aurélio, por favor:
(Pausa)
(Respiração)
(Um gole d´água)
Voltemos...
Capitalismo: Sistema econômico e social baseado na propriedade privada dos meios de produção, na organização da produção visando o lucro e empregando trabalho assalariado, e no funcionamento do sistema de preços.

Até quando ficaremos parados batendo palmas para o desastre?
A própria definição do capitalismo é uma vergonha. Aliás, se existe um pai para o capitalismo, só pode ser o próprio diabo.

(Hallais, Alexandre – Rio de janeiro, 22 de maio de 2006)
Fragmento do ensaio de crônicas – Registro de Direitos Autorais conforme Lei nº 9.610/98 – Fundação Biblioteca Nacional - RJ.