quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Uma xícara de café para esperar

Tenho vertigem. Medo de altura?
Não. Não mesmo.
Apenas não gosto de me sentir frágil. O amor faz isso comigo. Talvez seja bom, mas me sinto como se estivesse em uma loja de cristais. Posso quebrar e sofrer.
Desculpe meu medo, mas a entrega é difícil e por vezes eu lutei contra te querer. Isso me consume.
Não levante agora, não vá lá fora. Escute-me, por favor.
Se sou menina, isso temporário e daqui a pouco passa. Esscccuuuttteeeeee!!!
Eu deixei minhas marcas na parede do seu quarto, enquanto me torturava com sua língua deliciosa. Naquele cômodo esqueci um pouco de mim e quando te beijava de olhos abertos, foi para acreditar no seu odor, na sua masculinidade invadindo minha inocência.
O ar estava ofegante e você querendo transpor meus obstáculos, diversas vezes engoli tua saliva para livrar a mulher, como se teu gosto fosse capaz de enfeitiçar-me.
Naquele momento em que dei um tapa na tua cara e corri para o banheiro, eu não fugia de você, mas eu me escondia de mim.
- O que você acha que fiz???
- Heinnn???
Eu me achei estúpida, uma ridícula. Queria partir o espelho e quebrar a minha cara. Eu fiquei sentada chorando e escutando você bater na porta. Escutei tua voz sumindo e a tua irritação foi um carrasco que quase me sufocou.
Demorei a sair do banheiro, ainda sangrava. No quarto estava aquele cheiro bom de amor misturado com a decepção. O quarto me fez companhia por horas te esperando voltar.
Pensei em abandonar você, mas não podia me odiar.
Sentei em tua cama e liguei o teu micro system com o controle remoto. A música "Do sétimo andar" do Los Hermanos estava na agulha. Aquela voz do Rodrigo Amarante foi companheira.
Você voltou que eu nem vi. Peguei no sono e somente quando acordei às 8h 22min que pude constatar tua embriagez no chão.
Levantei tomei um banho para lavar meu corpo. Vestia aquela tua camisa azul claro de botão e fui fazer café. Algo eu deveria fazer bem, então que fosse o café.
Você levantou e disse que estava cansado, mas mesmo assim comeu o pão com manteiga e provou um pouco do meu café. Teus olhos me mandavam embora, tua indiferença me mandava embora, mas me mantive ali.
Abri um suco de laranja... Bebi um pouco e fui andando para pegar minhas coisas, mas decidi correr riscos e talvez morrer de vez.
Quando passei por você e fugi correndo, foi medo... muito medo. Não de você, mas de mim.
O amor faz isso comigo, pois nunca senti algo parecido.
Meus passos andam desalinhados e minha boca sedenta de você, mas se você não entender meu dialeto, como poderei comunicar-me com você?
Não te cobro nada. Quem ama não pede nada em troca. Não pede nem para você escutar, mesmo quando te vejo indo embora e continuo calada.
Sou eu quem estranho, mas entendo a tua ida.
Eu amo, mas não posso julgar tuas atitudes...
Vá em paz!
Eu estou no lugar onde me acho, quando pegou meu rosto e disse à minha alma que jamais iria sair da minha vida...
Enquanto isso... faço café e como pão com manteiga e uso um sorriso emprestado.

(Hallais, Alexandre - Rio de janeiro,22 de fevereiro de 2007)

2 comentários:

Kari disse...

Muito bom...
É, o amor tem dessas coisas, né?
Fazemos coisas inesperadas em momentos "nada a ver"...
Agimos como jamais pensamos e ás vezes nem sequer nos entendemos.
Ás vezes, as coisas fogem do controle, ás vezes tudo segue o seu rumo...

Um beijo
Kari

Marcos Seiter disse...

Irmão,

Lindo. Quando tu destacou los Hermanos, lembrei da música cantanda por Marcelo " a flor".

Lembrei desta parte:
"Minha flor serviu pra te dizer que eu era eu, que era eu."

O amor nos enfraquece de vez em quando. Fugimos muitas vezes de nós mesmos,mas as pessoas pensam que não. Somente quem vivi com o espírito presente, sabe o que acontece.

Abs e bom domingo!

Marcos Ster